Dor emocional: como lidar com esse sentimento
- Adriana Fernandes
- Atualizado: Quinta, 27 Fevereiro 2025 15:18
- Views: 74

A dor emocional é uma experiência universal. Todos, em algum momento, enfrentamos emoções e pensamentos difíceis que parecem nos prender em um ciclo sem fim de sofrimento. Quando tentamos evitar ou lutar contra essa dor, muitas vezes acabamos mais presos a ela. A tentativa constante de afastar o sofrimento pode nos levar a um estado de exaustão emocional, pois, quanto mais resistimos, mais a dor se intensifica.
Por isso, aprender a lidar com a dor de maneira consciente e compassiva é essencial. Em vez de fugir ou tentar suprimi-la, podemos desenvolver uma relação diferente com ela, acolhendo-a sem deixar que ela nos domine. Conhecer técnicas que nos ajudam a lidar com a dor emocional de forma mais consciente e compassiva é uma forma poderosa de autocuidado. Além disso, esse tipo de abordagem nos permite recuperar o equilíbrio emocional e seguir em frente com mais serenidade.
Uma dessas técnicas é o exercício "Abrir Espaço", da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Essa prática nos ensina a observar a dor sem nos fundirmos a ela, permitindo que possamos seguir em frente com mais leveza e presença. Quando aprendemos a abrir espaço para a dor, conseguimos nos desapegar da luta interna e viver de maneira mais plena e significativa.
O Que é a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)?
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma abordagem psicológica baseada na aceitação dos pensamentos e sentimentos difíceis em vez de combatê-los. Diferente de outras abordagens que focam na mudança ou eliminação da dor emocional, a ACT ensina que o sofrimento faz parte da experiência humana e que lutar contra ele apenas aumenta o impacto negativo. Assim, o objetivo não é se livrar da dor, mas sim mudar a forma como nos relacionamos com ela, para que possamos continuar vivendo de maneira significativa.
Na ACT, utilizamos técnicas de mindfulness (atenção plena) e aceitação para nos ajudar a abrir espaço para emoções e pensamentos difíceis. Em vez de tentar eliminar a dor emocional, somos convidados a observar nossos sentimentos com curiosidade e permitir que eles estejam presentes sem resistência. Com isso, podemos seguir em frente e agir de acordo com nossos valores, mesmo quando a dor ainda está presente. Dessa forma, aprendemos a nos relacionar com a dor de maneira mais saudável, evitando que ela nos paralise ou nos afaste do que realmente importa.
O Exercício "Abrir Espaço" para a dor emocional
Uma forma prática de colocar isso em ação é através do exercício "Abrir Espaço". Para aprender essa habilidade, é útil pensar no céu. Por pior que esteja o tempo, o céu tem espaço suficiente para abrigá-lo. E o céu nunca é afetado ou prejudicado pelo clima, seja calor intenso, tempestades ou frio extremo. Cedo ou tarde, o tempo sempre muda.
Da mesma forma, nossos pensamentos e sentimentos são como fenômenos climáticos: vêm e vão. E podemos aprender a ser como o céu, abrindo espaço para o "mau tempo" das nossas emoções e pensamentos sem nos machucar.
Agora tente o seguinte:
Pare por um instante e observe
Tome consciência da sua dor: silenciosamente, nomeie seus pensamentos e sentimentos. Reconheça o que está presente, sem julgamento.
Observe com curiosidade: perceba que você é como o céu e seus pensamentos e sentimentos são como o clima passageiro.
Respire profundamente: inspire e solte o ar lentamente, sentindo a respiração fluindo pelo seu corpo.
Foque sua atenção em uma dor específica: perceba-a e dê um nome. Pode ser uma emoção intensa, um pensamento recorrente ou uma sensação física.
Imagine sua respiração fluindo para dentro e ao redor da dor: permita que ela esteja ali, sem resistência. Em vez de afastá-la, ofereça espaço para que ela simplesmente exista.
Visualize a dor como um objeto: qual é o tamanho, a cor e o peso dela? Imagine-a como um tijolo frio e pesado em alguma parte do seu corpo.
Conecte-se com o mundo ao seu redor
Perceba três coisas que você pode ver e observe-as com curiosidade.
Escute os sons ao seu redor e preste atenção aos detalhes.
Perceba os cheiros ao seu redor e tente identificá-los.
Toque em algo próximo e sinta sua textura, temperatura e peso.
Ao finalizar, perceba que a dor ainda está presente, mas agora existe um espaço maior ao redor dela. Você não precisa lutar contra ela ou se perder em seu sofrimento. Em vez disso, pode aceitá-la como parte da sua experiência, sem permitir que ela defina quem você é. O objetivo desta prática não é fazer a dor emocional desaparecer — embora, às vezes, isso venha como um bônus — mas sim aprender a se desvincular de pensamentos e sentimentos difíceis à medida que você direciona sua vida para o que realmente importa..
A dor emocional faz parte da vida, mas não precisa nos aprisionar
Práticas como "Abrir Espaço" nos ajudam a lidar com a dor emocional de maneira mais consciente e compassiva, permitindo-nos seguir com nossas vidas sem sermos dominados pelo sofrimento. Quando abrimos espaço para nossas emoções difíceis, também abrimos caminho para viver com mais autenticidade e presença.
Esse é um ato profundo de autocuidado: aprender a conviver com a dor emocional sem que ela nos defina. Da próxima vez que sentir uma emoção difícil, experimente esse exercício. Em vez de resistir, crie espaço. Você pode descobrir que a dor não é tão ameaçadora quanto parecia e que, mesmo diante dela, é possível continuar avançando.
Que tal tentar essa prática no seu dia a dia? Com o tempo, ao repetir essa técnica, você pode perceber que sua relação com a dor muda, tornando-a menos sufocante e mais manejável. Afinal, cuidar de si mesmo significa aprender a lidar com todos os aspectos da experiência humana, inclusive aqueles mais desafiadores.
Se esse conteúdo fez sentido para você e quer aprender mais sobre como lidar com a dor emocional e viver com mais leveza, acompanhe este blog. Aqui você encontra reflexões e práticas para lidar com a dor emocional, se desvincular do sofrimento e viver com mais autenticidade.
Referências bibliográficas:
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Em tempos de estresse: faça o que importa. Um guia ilustrado.