Redes sociais não são lugares para socializar ou fazer amigos
- Caio Weber
- Atualizado: Domingo, 01 Setembro 2024 21:23
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As redes sociais, que surgiram com a promessa de conectar pessoas e facilitar a interação social, tornaram-se, em muitos casos, ambientes onde a verdadeira socialização e a formação de amizades genuínas são raras. Para exemplificar, a maior rede social do mundo, o Facebook, com aproximadamente 2,9 bilhões de usuários, serve mais como um espaço para expressar frustrações e desabafos do que para construir relacionamentos significativos. As timelines estão frequentemente cheias de reclamações, discussões acaloradas e desabafos sobre os mais variados assuntos, muitas vezes sem a intenção de criar um diálogo construtivo.
Um espaço perfeito para o debate e também para a polarização
No Twitter, com seu formato conciso e direto, a dinâmica é semelhante, mas com um foco maior na opinião. É o lugar ideal para expor pensamentos e visões, sejam elas polêmicas, bem fundamentadas ou simplesmente impulsivas. O formato breve dos tweets incentiva o compartilhamento rápido de ideias e reações, criando um ambiente propício para debates, mas também para mal-entendidos e polarizações. A troca de ideias, em muitos casos, acaba não sendo um diálogo, mas sim uma sobreposição de monólogos.
A busca pela perfeição visual e o desejo de validação social
O Instagram, que também conta com cerca de 2,9 bilhões de usuários, é uma plataforma onde as aparências imperam (e enganam). As pessoas tendem a criar e compartilhar uma versão idealizada de suas vidas, exibindo um estilo e nível de vida que muitas vezes não correspondem à realidade. Essa exibição, por vezes, tem como objetivo gerar inveja ou admiração em quem passa horas rolando o feed. A busca pela perfeição visual e o desejo de validação social por meio de curtidas e comentários podem transformar a plataforma em um lugar de competição e superficialidade, em vez de um espaço de conexão autêntica.
Acesso à produção e ao consumo de conteúdo de qualidade
O YouTube, por outro lado, se destaca como um ambiente onde o ensino e o entretenimento caminham lado a lado. Com milhões de canais dedicados a tutoriais, aulas e conteúdos educativos, a plataforma é uma excelente ferramenta para quem deseja aprender ou ensinar algo novo. Desde dicas de culinária até complexas aulas de física quântica, o YouTube oferece um vasto oceano de conhecimento acessível a todos, permitindo que qualquer pessoa com uma conexão à internet amplie suas habilidades e explore novos interesses.
Além disso, é um espaço onde músicos, criadores de conteúdo e cineastas amadores podem compartilhar suas criações e alcançar um público global. A plataforma democratizou o acesso à produção e ao consumo de conteúdo audiovisual, possibilitando que talentos desconhecidos se tornem fenômenos virais. O YouTube oferece uma oportunidade única para que pessoas de todo o mundo compartilhem conhecimento e criatividade, criando uma comunidade global em torno de interesses comuns, onde a paixão por um tema pode unir indivíduos de diferentes culturas e origens.
O perigo da doutrinação orquestrada pelos algorítimos
Mas é claro que nem tudo é perfeito nessa rede social. Com a imensidão de conteúdo disponível, é fácil se perder em meio a vídeos de qualidade duvidosa ou, pior ainda, ser direcionado para conteúdos nocivos. Se você não souber filtrar muito bem o que consome, pode acabar entrando no que os americanos chamam de "toca de coelho" (rabbit hole) — um fenômeno onde, a partir de um vídeo aparentemente inofensivo, o algoritmo começa a sugerir conteúdos cada vez mais extremos, levando o usuário a ser exposto, de maneira sutil e progressiva, a ideias que podem ser perigosas.
Esse processo de doutrinação, embora não intencional por parte da maioria dos criadores, é facilitado pela forma como o algoritmo do YouTube funciona, priorizando o engajamento acima de tudo. Isso pode levar os usuários a serem envolvidos por teorias da conspiração, discursos de ódio, ou qualquer outro conteúdo que, embora atraia atenção e retenha o público, pode ser extremamente prejudicial tanto para o indivíduo quanto para a sociedade como um todo. Portanto, embora o YouTube seja uma ferramenta poderosa para aprendizado e entretenimento, é crucial que os usuários exerçam discernimento e senso crítico, garantindo que a plataforma seja usada de maneira saudável e construtiva.
O conteúdo efêmero que suga o bem mais precioso dos usuários
Por fim, o TikTok, que também está alcançando o número de 2,9 bilhões de usuários, é frequentemente criticado por seu conteúdo efêmero e, muitas vezes, trivial. A plataforma é dominada por vídeos curtos, muitas vezes voltados para o entretenimento rápido e superficial. Embora exista conteúdo educativo, ele é muitas vezes ofuscado por desafios, danças e brincadeiras que, apesar de divertidos, contribuem pouco para o desenvolvimento pessoal ou intelectual. O TikTok pode ser visto como um espaço onde as pessoas, especialmente os mais jovens, acabam desperdiçando tempo valioso em conteúdos que não agregam valor duradouro às suas vidas.
Em resumo, as redes sociais, cada uma com suas características únicas, acabam servindo mais como espelhos da sociedade moderna, refletindo nossas frustrações, desejos, vaidades e, em muitos casos, nosso tempo perdido, do que como verdadeiros espaços de socialização e construção de amizades.