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Nunca foi sobre Marte

O foguete starShip na torre de lançamento ilustra nosso artigo sobre: Nunca foi sobre Marte

A narrativa épica de Elon Musk rumo a Marte sempre funcionou como um bom espetáculo: um visionário ousado, foguetes reutilizáveis, colonização interplanetária e a promessa de tornar a humanidade uma espécie multiplanetária. Mas, para quem observa além da superfície, fica claro que nunca foi apenas sobre Marte. Marte é o mito fundador, o símbolo. O negócio real está aqui na Terra — especialmente nos mercados onde a infraestrutura pública é frágil e a presença estatal é cada vez mais substituída por sistemas privados.

O movimento silencioso: segurança privatizada em países do hemisfério sul

Na virada deste século, veremos algo que hoje parece ficção científica, a substituição progressiva dos serviços públicos de segurança por estruturas privadas de vigilância automatizada — principalmente em países pobres ou instáveis, onde a crise institucional cria um vácuo perfeito para tecnologias “salvadoras”.

Imagine metrópoles do hemisfério sul patrulhadas por frotas de veículos elétricos autônomos, todos equipados com sensores, câmeras, IA tática, análise de comportamento em tempo real e conectados a um backbone de comunicação de baixa latência. Isso não é algo muito distante. Isso está sendo construído agora.

Para isso, algo é indispensável, uma internet ultra-rápida, de cobertura global e independente dos governos locais.

E quem fornece isso? A Starlink. Não é coincidência, é arquitetura de negócios.

Algo parecido, porém me menor escala (para a nossa época), já aconteceu

Nos anos 1970, quando Bill Gates afirmou que haveria “um computador em cada casa”, parecia exagero futurista. Mas ele não estava descrevendo apenas o avanço da computação, estava descrevendo um novo modelo de sociedade, onde o computador se tornaria parte da vida cotidiana, e quem fornecesse esse computador controlaria, de certa forma, o próprio cotidiano.

Hoje, Musk faz sua própria versão desse anúncio: “Haverá um robô empregado em cada casa da América.” Mas, olhando de perto, o impacto é muito maior do que um robô doméstico varrendo o chão.

Um robô em cada casa é uma câmera em cada casa

É mais do que isso, é um nó de coleta de dados em cada sala, cada cozinha, cada garagem. É a entrada de um ecossistema fechado de hardware + IA + nuvem. É a normalização da convivência com agentes autônomos.

Isso, somado a carros autônomos e vigilância permanente, forma uma rede privada de monitoramento e resposta com alcance global, literalmente.

O verdadeiro jogo: infraestrutura de poder

Não se trata de Marte, o planeta vermelho é a história que emociona, mas o negócio real está na infraestrutura crítica. Internet global e independente de governos (Starlink), um sistema de transporte autônomo e eletrificado (Tesla), robôs domésticos e industriais com IA integrada (Optimus). Tudo isso comandado por modelos de IA centralizados e proprietários (xAI) e um futuro sistema privado de segurança e vigilância para atender os programas de privatizações dos governos do terceiro mundo.

Quem controla este tipo de infraestrutura controlará o próximo século

E, quando essa infraestrutura funciona melhor em lugares onde o Estado é fraco, a tendência é clara, o setor privado substituirá funções tradicionalmente públicas, começando pela vigilância e segurança.

Por que o foco é nos países pobres do hemisfério sul?

Porque são territórios com baixa capacidade estatal, alto índice de violência urbana, infraestrutura falha, populações jovens e conectadas, governos que dependem de tecnologia externa,
cidades cheias de carros, motos, comércio informal e poucos dados estruturados.

Ou seja, o ambiente ideal para a implementação de sistemas autônomos de vigilância vendidos como “soluções para o caos urbano”

- Carros autônomos como viaturas;
- Robôs como soldados, muito parecido com a PM brasileira;
- Drones como supervisores aéreos;
- Tudo isso transmitindo dados em tempo real e via Starlink;
- Tudo controlado por empresas transnacionais.

Isso não é teoria conspiratória, é planejamento estratégico

Marte é só distração, a Terra é o mercado, enquanto o mundo olha para foguetes pousando verticalmente, a verdadeira revolução está acontecendo em silêncio.

Já temos cidades se tornando plataformas, segurança pública sendo privatizada é só uma questão de tempo e das ferramentas certas estarem aprimoradas.

Os terabytes de dados vão virar moeda política e as fronteiras perderão relevância diante de redes de satélites. E as gigantes da tecnologia estarão prontas para assumir papéis que antes eram monopólio do Estado.

Elon Musk diz que quer colonizar Marte, mas antes disso, e com muito mais impacto, está colonizando a própria Terra com máquinas cada vez mais 'inteligentes' e de uma maneira que poucos ainda perceberam.

Nunca foi sobre Marte, foi sempre sobre poder, infraestrutura e controle.

Caio Webber
Author: Caio WebberWebsite: https://bit.ly/3eLkTtK
"Editor do eZoop! e CEO da MarkupEmpresa Sistema de Gestão, sou apaixonado por cinema e pelas oportunidades que as novas tecnologias oferecem. Minha jornada empreendedora é marcada pelo compromisso de criar soluções significativas e acessíveis. Busco constantemente inovação, trabalhando em projetos que visam simplificar processos e melhorar a vida das pessoas."