Por que câmeras da Hikvision estão sendo banidas em vários Países? Entenda os riscos de segurança
- Caio Webber
- Atualizado: Quinta, 03 Julho 2025 14:42
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A gigante chinesa da vigilância enfrenta sanções globais por possíveis ligações com o governo de Pequim. A Hikvision, uma das maiores fornecedoras de câmeras de segurança do mundo, está no centro de uma controvérsia internacional. Países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Índia já anunciaram restrições severas — ou até banimento total — do uso dos equipamentos da marca em prédios governamentais e áreas sensíveis. Mas afinal, por que as câmeras da Hikvision estão sendo banidas? E o que isso representa para o Brasil, onde a marca já conta com uma presença massiva?
O que é a Hikvision?
A Hikvision é uma empresa chinesa fundada em 2001, especializada em sistemas de vídeo monitoramento, câmeras inteligentes e soluções de segurança digital. A marca cresceu rapidamente e hoje está presente em mais de 150 países. No Brasil, de acordo com a própria fabricante, já existem mais de 100 mil câmeras instaladas, sendo 40 mil só em São Paulo.
Por que a Hikvision está sendo banida?
1. Risco de espionagem: Desde 2017, o governo da China impôs uma lei que obriga todas as empresas do país a colaborarem com os serviços de inteligência chineses, sempre que solicitado. Isso significa que dados capturados por dispositivos como câmeras de segurança podem, em teoria, ser acessados pelo regime comunista, sem que os países onde essas câmeras estejam instaladas tenham qualquer controle sobre isso.
2. Suspeitas de uso para vigilância estatal: Relatórios de direitos humanos e investigações jornalísticas apontam que tecnologia da Hikvision foi usada pelo governo chinês para vigiar minorias étnicas, como os uigures. Isso levantou sérias preocupações éticas sobre o uso dessas tecnologias em regimes autoritários — e reacendeu o debate sobre segurança cibernética no Ocidente.
Países que já baniram ou restringiram a Hikvision
Estados Unidos: proibiram o uso de câmeras da Hikvision em agências federais desde 2019;
Reino Unido: impôs a remoção dos equipamentos de locais sensíveis do governo;
Canadá: recomenda evitar o uso em sistemas governamentais por preocupações de segurança nacional;
Índia: após tensões com a China, colocou a marca sob restrições severas em contratos públicos.
E o Brasil?
Apesar da ampla utilização das câmeras da Hikvision no país, o Brasil ainda não possui uma legislação específica que proíba ou limite o uso de equipamentos da marca. No entanto, especialistas em cibersegurança alertam para os riscos de dependência tecnológica de empresas ligadas a regimes autoritários.
Não se trata apenas de câmeras, mas de infraestrutura crítica de vigilância. Os dados captados por esses dispositivos podem ser sensíveis para a segurança pública e nacional.
Como proteger sua empresa ou residência?
Se você já utiliza câmeras da Hikvision ou pretende investir em um sistema de videomonitoramento, veja algumas recomendações:
Desative conexões externas (cloud) se não forem essenciais;
Use firewall e segmentação de rede para isolar os dispositivos;
Atualize regularmente o firmware das câmeras.
Considere fornecedores com produção e hospedagem de dados no Brasil ou em países com leis mais transparentes.
Concluindo, vale a pena continuar usando Hikvision?
A Hikvision oferece produtos com excelente custo-benefício, mas o baixo preço pode vir com um custo invisível: o da segurança e soberania de dados. Em um mundo cada vez mais digital, quem coleta as imagens pode controlar muito mais do que você imagina.
Antes de instalar qualquer sistema de vigilância, avalie não apenas o hardware, mas também a política de privacidade, a origem da tecnologia e os riscos geopolíticos envolvidos. A decisão pode impactar não apenas sua casa ou empresa, mas também a segurança do seu país.
