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O próximo negócio de US$ 1 trilhão da energia limpa

Armazenamento de energia em escala de rede. Fonte da imagem: gov.br/aneel/

A transição para uma matriz energética limpa e sustentável é um dos maiores desafios globais do século XXI. Descarbonizar a geração de eletricidade exige não apenas fontes renováveis, como a solar e a eólica, mas também o enfrentamento de um dos maiores obstáculos dessas tecnologias: a intermitência. A energia solar depende da luz do sol e a eólica, do vento, ambos fenômenos imprevisíveis. É aí que o armazenamento de energia em escala de rede se torna uma peça central.

Esse mercado, ainda em fase de crescimento, possui um potencial gigantesco. A Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que, para alcançar emissões líquidas zero até 2050, será necessário expandir a capacidade global de armazenamento de baterias para 5 terawatts (TW), um crescimento exponencial em comparação com os menos de 200 gigawatts (GW) instalados até 2022. A urgência de ampliar esse sistema de armazenamento em larga escala abre caminho para um mercado que pode valer trilhões de dólares nas próximas décadas.

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O crescimento exponencial do armazenamento em rede

O armazenamento de energia em escala de rede, tradicionalmente feito por sistemas hidroelétricos, está sendo rapidamente substituído por grandes baterias de lítio estacionárias. Em 2022, cerca de 90 GW de baterias foram instalados globalmente, o dobro em relação ao ano anterior. À medida que os custos das baterias de lítio caem — com uma queda de cerca de 40% entre 2019 e 2023 — o setor se torna ainda mais promissor.

Estima-se que o mercado de armazenamento de energia possa crescer de US$ 15 bilhões em 2023 para até US$ 3 trilhões até 2040, com um impacto profundo na transição energética global. A adoção de baterias em redes elétricas já tem potencial de tornar a energia solar mais competitiva com a eletricidade gerada por carvão em países como a Índia, e mais barata que o gás nos Estados Unidos dentro de poucos anos.

China: O centro de produção global

A China ocupa uma posição estratégica nesse mercado, sendo o principal polo de produção de baterias de lítio. Quatro dos cinco maiores fabricantes globais de baterias, incluindo a CATL e a BYD, estão sediados no país. Além disso, políticas internas exigem que grandes projetos de energia renovável sejam acompanhados de infraestrutura de armazenamento, o que acelerou a adoção e o desenvolvimento dessa tecnologia no país.

O investimento chinês em pesquisa e inovação também é massivo. A CATL, por exemplo, multiplicou por oito seu orçamento em pesquisa e desenvolvimento desde 2018, enquanto a BYD se destaca por incorporar inteligência artificial e automação em seus processos. No entanto, o excesso de capacidade produtiva, causado pela rápida expansão, pressiona o mercado global e pode levar à consolidação da indústria, com fusões e aquisições.

Inovação e concorrência: A próxima geração de baterias

A intensa competição global está impulsionando a inovação no setor de baterias. Além das tradicionais baterias de lítio, alternativas como as baterias de íon de sódio estão ganhando espaço. Apesar de terem menor densidade energética, essas baterias são mais baratas e menos propensas a incêndios, características que as tornam atraentes para aplicações estacionárias em redes de energia.

Startups, como a americana Natron, estão investindo fortemente em baterias de íon de sódio. A empresa, apoiada pela Chevron, está construindo uma fábrica de US$ 1,4 bilhão na Carolina do Norte, prevista para 2027. Inovações como essas prometem reduzir ainda mais os custos de armazenamento, viabilizando o uso em data centers e redes de energia crítica.

Além disso, outras startups estão desenvolvendo tecnologias promissoras, como as baterias de níquel-hidrogênio da EnerVenue, que possuem capacidade de armazenamento prolongado e baixo custo de produção. Essas inovações são cruciais para enfrentar a crescente demanda por soluções de armazenamento de energia de longa duração, que se tornarão essenciais à medida que a digitalização e a dependência de data centers aumentam.

O futuro do armazenamento de energia

O avanço no mercado de armazenamento em rede será um dos principais motores da descarbonização global. A crescente competitividade das baterias, impulsionada por inovações e pela redução de custos, está transformando a forma como o mundo produz e consome energia. As baterias de longa duração prometem preencher lacunas na infraestrutura de transmissão, oferecendo uma solução para o problema de intermitência das fontes renováveis.

Como destaca Fatih Birol, diretor-executivo da AIE, "as baterias estão mudando o jogo diante de nossos olhos". Se a tendência continuar, o armazenamento de energia em escala de rede pode se tornar o próximo grande negócio de US$ 1 trilhão na economia global da energia limpa, redefinindo o futuro energético do planeta.

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Caio Weber
Author: Caio WeberWebsite: https://bit.ly/3eLkTtK
"Editor do eZoop! e CEO da MarkupEmpresa Sistema de Gestão, sou apaixonado por cinema e pelas oportunidades que as novas tecnologias oferecem. Minha jornada empreendedora é marcada pelo compromisso de criar soluções significativas e acessíveis. Busco constantemente inovação, trabalhando em projetos que visam simplificar processos e melhorar a vida das pessoas."